Análise: Corinthians se arrasta entre velhos e novos problemas e vê copo mais vazio do que cheio

Tire o resultado final da partida e sinta a mesma coisa: uma imensa falta de perspectiva de melhora. O Corinthians não empolga quando vence, não empolga quando perde e nem quando empata. Foi assim contra o Botafogo, no empate em 2 a 2, na noite do último sábado, na Neo Química Arena.

E já havia sido assim depois da vitória sobre o Goiás, na rodada passada.

No recorte dos últimos quatro jogos, o Corinthians venceu uma, empatou duas e perdeu outra partida, mas é só perguntar a um ou dois amigos corintianos qual a sensação de ver esse time em campo e a resposta provavelmente será a mesma: não está bom. Na verdade, está ruim.

É bem verdade que entre a vitória sobre o Goiás, fora de casa, e este empate com o Botafogo, o torcedor do Corinthians viveu certa expectativa: o técnico Tiago Nunes fez algumas escolhas de gosto popular, apelando ao que tem de melhor no elenco, como a entrada de Lucas Piton na lateral esquerda.

Dar sequência a nomes como o dele, a chance de repetir o time pela primeira vez neste Brasileirão e ainda a estreia dos naming rights do estádio pareciam casar para um final feliz. Doce ilusão: o copo segue mais vazio do que cheio.

Cássio tem falhado

Velhos problemas

O mais observador dos corintianos certamente se lembra dos incontáveis jogos em que o Corinthians não conseguia finalizar a gol sob o comando de Fábio Carille no ano passado. Era problema recorrente, persistente, e parecia que tal fantasma sumiria com Tiago Nunes.

Passados nove meses de Tiago no cargo, o fantasma ressurgiu. Afinal, não é comum um time passar 45 minutos com apenas uma finalização, de pênalti, jogando em casa.

Foi este o primeiro tempo do Corinthians no último sábado. Fagner começou a jogada e cruzou para Mosquito, que sofreu a infração, devidamente convertida pelo lateral. E foi só.

No mais, a bola rodou pelo lado direito sem sucesso entre Ramiro, o próprio Fagner e Jô, esperançoso em colaborar mais saindo da área. Do outro lado, Gustavo Mosquito não fez jus à sequência como titular e Araos, ocupando a vaga do lesionado Luan, sucumbiu diante de um meio povoado pelo rival.

Gil tem marcado gols

Novos problemas

Com uma mexida no intervalo e mais algumas no decorrer da etapa complementar, Tiago conseguiu corrigir os problemas de finalização. Otero, Mateus Vital e Léo Natel entraram ligados e deram ânimo novo à equipe.

O venezuelano chegou até a marcar em lance anulado após consulta do árbitro no vídeo, e Léo foi o autor de assistência para Jô arrancar um suado empate em casa.

Mas, como numa balança, se pesa mais de um lado, falta de outro. Se o ataque melhorou, a defesa sucumbiu em falha coletiva que passou pela dupla de zaga Gil e Danilo Avelar. No primeiro tempo, Cássio já havia errado ao montar a barreira em cobrança de falta que terminou em gol após vacilo do goleiro.

Gil é zagueiro

Foram cinco jogos seguidos sem tomar gol neste retorno. Contudo, desde o segundo jogo da final do Paulistão, contra o Palmeiras, o Corinthians foi vazado em sete dos oito jogos disputados. Só não levou gol no empate em 0 a 0 com o Grêmio, fora de casa.

É como se jogar para frente automaticamente desregulasse atrás. Faltam equilíbrio e encaixe. Tiago pediu um olhar “aprimorado” para enxergar as coisas boas desse time (copo mais cheio?). Mas admitiu a preocupação com o sistema defensivo.

– Sobre não evoluir, acho que é muito circunstancial, do momento de não ganhar. Ao mesmo tempo temos coisas boas que tem de ter um olhar mais aprimorado. Me preocupa a parte defensiva. No retorno a gente estancou, passou muito jogos sem sofrer gols. Mas com uma formação mais defensiva. Dificuldade de encontrar esse equilíbrio, equipe que ataca bastante e se defende bem.

E agora?

Com um copo meio vazio (ou meio cheio?), Tiago reencontra o Palmeiras nesta quinta-feira, em Dérbi válido pela nona rodada do Brasileirão. Entre ironias sobre a própria permanência no cargo e uma análise mais aprofundada sobre a transição de estilo que se arrasta desde o começo do ano, o treinador tem a missão de equilibrar a balança desregulada.

Na velha máxima do futebol brasileiro de trocar o pneu com o carro andando, é possível que o treinador aposte em mais uma vez mudar esse time para enfrentar o rival em casa. Otero é um dos nomes que pede passagem para entrar na equipe titular.

BRASILEIRO/SÉRIE A

No sábado, 5 de setembro: Corinthians 2×2 Botafogo, Ceará 0x1 Santos, Flamengo 2×1 Fortaleza.

Outros jogos, domingo, 6 de setembro, às 16 horas – Internacional x Bahia, São Paulo x Fluminense.

18 horas – Vasco x Athletico/PR

19 horas – Atlético/GO x Grêmio

20h30 – Sport x Goiás, Coritiba x Atlético/MG

Fonte – ge (São Paulo)

Fotos – Marcos Ribolli

Paranavaí 06/09/2020