Saiba quem é Índio, atacante do Flamengo, que perdeu vaga na Copa de 1958 para o Rei Pelé

A monarquia de Pelé nos campos de futebol teve início muito cedo, quando já impressionava na adolescência pela enorme categoria com a bola nos pés e a habilidade de fazer arte no gramado como ninguém. Conhecido por feitos inigualáveis e conquistas memoráveis, como as três Copas do Mundo no currículo com a Seleção Brasileira, a história do Rei em Mundiais passa muito por um atacante que fez história no Flamengo e também no CorinthiansAluísio Francisco da Luz, mais conhecido por Índio. Um dedo mindinho quebrado dias antes da convocação do técnico Vicente Feola para a Copa do Mundo de 1958 fez o atleta, natural da Paraíba, ser vetado pelo Timão, e ver a sua vaga sendo ocupada pelo jovem promissor Edson Arantes do Nascimento, de apenas 17 anos.

Índio

Décimo maior artilheiro da história do FlamengoÍndio teve um livro publicado recentemente pelo historiador Fábio Henrique Alves. O atacante, de Cabedelo, litoral da Paraíba, morreu em 19 de abril de 2020, no Dia do Índio, e foi o autor do gol de empate do Brasil contra o Peru, no jogo de ida das Eliminatórias de 57, em Lima. O tento foi extremamente determinante para a classificação da Seleção Brasileira para a Copa do Mundo da Suécia de 1958. Pelo Rubro-Negro, foi tricampeão carioca (1953-55) e artilheiro do tri, em um time que contava com nomes históricos do esporte, como ZagalloEvaristo de MacedoBenítezJoel, entre outros. Índio esteve presente no Mundial de 1954, na Suíça, quando o Brasil chegou até as quartas de final e foi eliminada pela Hungria — vice-campeã daquela edição.

Para a Copa em 1958, tudo indicava que Índio, na época já jogador do Corinthians, teria o seu passaporte garantido para defender o Brasil no torneio no Velho Continente. O historiador Fábio Henrique inclusive não tem dúvidas: “se não fosse a lesão, Índio certamente iria para a Copa”. Contudo, dias antes da convocação oficial do técnico Vicente Feola, o atacante paraibano quebrou um dedo mindinho, o que atrapalhou totalmente os seus planos de defender a Seleção Brasileira em seu segundo mundial consecutivo. Contundido, o Timão resolveu preservar o atleta e o vetou da então futura lista do treinador.

Aquele pequeno membro contundido, na verdade, mais parecia um lápis fazendo a sua pura arte de escrever um lindo poema em uma folha de papel. Afinal, a história do futebol brasileiro e também mundial estava prestes a ter sua virada de chave com a ausência de Índio da convocação para a Copa do Mundo de 1958. Foi então que Vicente Feola, um dos grandes treinadores da história do esporte nacional, resolveu fazer uma aposta ousada e convocar um jovem garoto para a competição no lugar do paraibano; era Edson Arantes do Nascimento, o Rei Pelé.

— Na Copa de 58, vem o destino. Índio, que era um grande artilheiro e vinha de uma campanha heróica nas Eliminatórias de 57, estava mais do que cotado para ir para a Copa do Mundo. Quebrou o dedinho do pé, e Feola, que contava com ele, viu o Corinthians o cortando da seleção. Pelé vinha em ascensão, já tinha participado da Copa Roca, artilheiro de 57; então Feola apostou em Pelé no lugar de Índio — relata Fábio Henrique.

O historiador Fábio Henrique conta que o próprio Índio chegou a dizer que 10 dias depois de ter a sua lesão decretada, já se encontrava apto para jogar futebol normalmente. Mas o destino é quem quis fazer o seu trabalho e escrever um enorme e lindo capítulo para o esporte com a convocação do jovem Pelé para defender a Seleção Brasileira no Mundial na Suécia.

A história de Índio e Pelé se cruzam em diversos momentos do esporte. Dentro dos campos, ambos jogaram juntos no ataque da Seleção Paulista de Futebol, entre os anos 1958 e 1959. Enquanto o Rei já desfilava em campo com a camisa do Santos, Índio, por sua vez, era atacante de sucesso e a grande referência no ataque do Corinthians.

Por Matheus Aquino — ge/João Pessoa

Fotos: Reprodução: Museu Seleção Brasileira/ Foto: Arquivo Nacional/Fundo Correio da Manhã, Fábio Henrique

Paranavaí 31/12/2022 e 01/01/2023