Por que “SBT” virou potência no futebol em apenas sete meses de investimentos

O SBT tomou conta do noticiário da mídia esportiva nas duas últimas semanas. A emissora de Silvio Santos comprou dois eventos (a Copa América 2021 e a Liga Europa), que se juntaram ao leque que já tinha a Libertadores da América e a Liga dos Campeões.

Além disso, o SBT fez proposta tirou a ex-árbitra Nadine Basttos da Globo para comentar polêmicas da arbitragem em suas transmissões.

Muita gente ainda se questiona se a investida é séria e se não é mais uma das aventuras do apresentador/dono da emissora. Mas de fato, agora é diferente. Tal qual fez nos anos 1980 e 1990, o SBT quer investir de forma mais firme no futebol – tanto que, de setembro de 2020 até este mês de abril, a média é de um evento comprado a cada 52 dias.

Alguns fatores muito importantes para que essa cultura mudasse. O SBT já convenceu o mercado publicitário que o seu projeto de futebol é sério. O grande problema é ainda convencer parte do público que gosta de futebol, que ainda tem grande resistência pela falta de investimentos na área entre 2003 e 2020.

Téo, Mauro Beting e Ricardo Rocha

Faturamento

Nenhuma competição no SBT é adquirida sem a certeza de que trará retorno publicitário. Isso, inclusive, influencia decisivamente no valor que a emissora propõe para adquirir as competições. Nesse quesito, é importante a figura do Diretor de Marketing & Negócios do SBT, Fred Muller. O executivo foi do Grupo Globo entre 1999 e 2019 e tem boa entrada no mercado, conseguindo trazer marcas relevantes. Se Muller garante um faturamento de X para ter um lucro Y, o SBT vai para frente e faz a proposta.

Audiência

O SBT recebeu o gostinho da audiência que o futebol ao vivo pode ter com a final do Campeonato Carioca 2020 entre Flamengo e Fluminense. O resto, foi uma consequência. Além de elevar a média em relação ao que o SBT costuma marcar no seu horário, o futebol também fez o canal ver números que não via faz tempo. A final da Libertadores 2020 entre Palmeiras x Santos foi o maior número do canal desde 2004. Por mais que os jogos regulares não consigam passar dos 20 pontos, é muito mais do que os 5 pontos de audiência que o SBT consegue diariamente com suas atrações.

Diretoria com vontade

Hoje, o SBT tem uma diretoria que quer fazer esporte. Fred Muller, como falamos acima, foi diretor da Globo por muito tempo e sabe da importância que o futebol tem para os negócios. José Roberto Maciel, CEO do SBT, e Murilo Fraga, diretor de programação do SBT, também são peças muito importantes deste pilar. É Maciel, junto com Silvio Santos, que bate o martelo por cada proposta que será feita ou contrato fechado. Sem uma diretoria com vontade de fazer, isto não seria possível. Ajudou também, claro, o fato de vivermos um período com venda de muitos direitos de transmissão – eram muita o fato de vivermos um período com venda de muitos direitos de transmissão – eram muitas negociações no período, o que ajudou ao SBT ganhar fama de comprador de eventos em um período tão curto.

Arena SBT as segundas-feiras

Fator “Família de Silvio Santos”

Como nada no SBT passa sem aprovação de Silvio Santos, o Patrão é parte importante nisso. Sua família, principalmente, tem papel fundamental. Genro do dono do canal, o Ministro das Comunicações Fábio Faria (PSD-RN) foi quem intermediou o acordo para a final do Carioca 2020, que acendeu o alerta para a compra de competições no canal. Entusiasta de futebol, Faria também contou com um outro “apoio”: o de seu cunhado e atacante do Orlando City (EUA) Alexandre Pato. Como a família passou a ser mais próxima do futebol e Silvio Santos começou a ver esta realidade mais de perto, entender que futebol era algo importante não foi difícil. Por isso, os frutos estão sendo colhidos neste momento.

Por – Rogério Vaquer – UOL

Foto – Téo José no SBT | Imagem: Gabriel Cardoso/SBT/Divulgação

Paranavaí 25/04/2021