Dez anos do fim de um fenômeno: como foi o adeus de Ronaldo ao Corinthians (e ao futebol)

Neste domingo, 14 de fevereiro, completam-se dez anos do dia em Ronaldo Fenômeno, um craque dos gols, dribles, sorrisos e da superação, se apresentou com um olhar de tristeza a uma imensidão de jornalistas para dar fim à carreira de atleta. Eram 18 anos de títulos pela seleção brasileira, por clubes da Europa e, por fim, pela nova paixão: o Corinthians.

Coletiva do anúncio da aposentadoria

A relação com o Timão, aliás, clube que defendeu entre 2009 e 2011, segue firme uma década depois.

Ele virou um torcedor mesmo, e daqueles corneteiros. É difícil ver jogo ao lado dele”.

Brinca o diretor de Marketing, Luiz Paulo Rosenberg

O anúncio do fim da carreira de Ronaldo foi feito na sala de imprensa do CT Joaquim Grava naquele 14 de fevereiro de 2011, uma segunda-feira. A decisão havia sido comunicada ao presidente Andrés Sanchez na sexta-feira. Antes, no dia 2, o Corinthians havia caído para o Tolima na pré-Libertadores.

Camisa da aposentadoria

Depois de duas cirurgias no joelho, lesões musculares, batalhas contra a balança, um ressurgimento absurdamente vencedor no Corinthians e o episódio triste na Libertadores, o Fenômeno concluiu que já não tinha combustível para encarar suas dores com a mesma disposição de antes.

Ele poderia ainda almejar algumas coisas aos 34 anos, mas já era uma condição de sofrimento, o prazer já não era tão grande como anos atrás. Não dá para separar a condição física da condição humana, da condição mental. Assim temos um entendimento do que acontece com um atleta. É uma guerra mental”

Disse o fisioterapeuta Bruno Mazziotti

A chegada ao Corinthians

Em 2008, enquanto o Timão jogava a Série B do Campeonato Brasileiro, Andrés Sanchez sonhava muito mais alto do que apenas subir uma divisão.

Desde julho daquele ano, nutria o sonho de contratar Ronaldo, que se recuperava de mais uma grave lesão no joelho esquerdo sofrida pelo Milan, da Itália, em fevereiro daquele ano. Oito anos antes, pela Inter de Milão, a lesão no joelho direito o afastou dos gramados por 14 meses.

Com Roberto Carlos em 2010

Foram meses duros para a recuperação do atacante e também para a negociação corintiana.

Em dezembro, após um encontro do jogador e de seu agente Fabiano Farah com Andrés e Rosenberg num restaurante de hotel no Rio de Janeiro, Ronaldo topou as condições salariais muito inferiores ao seu patamar, em proposta que teria sido feita por Andrés num guardanapo.

Talvez tenha um pouco de romantismo nesta história do guardanapo”.

Admite Rosenberg

Ronaldo aceitou o salário de R$ 400 mil fixos e mais 80% dos valores de patrocínio que o Timão conseguisse com a venda das propriedades a partir dali. O clube ficava com os outros 20%.

O acordo foi anunciado no dia 9 de dezembro de 2008. Ronaldo, dias antes, já havia escolhido jogar pelo Corinthians, como conta Bruno Mazziotti, hoje trabalhando no Arsenal, da Inglaterra.

Começamos a recuperação dele na França. Seis meses e meio depois, trouxe ele para o Flamengo para fazer a segunda parte da recuperação. A ideia dele era voltar ao Brasil, ele tinha ofertas de fora, mas esse era o sonho dele de final de carreira. Em novembro de 2008, teve o jogo amigos de Ronaldo x amigos de Zidane (jogo contra a Pobreza), ali ele jogou 28 minutos e, no voo de volta, mencionou pela primeira vez que o Corinthians o queria. Tudo fazia sentido. Ele ressurgindo e um clube que ressurgia.

O jogador foi apresentado no dia 12 num Parque São Jorge tomado pela Fiel e disse a frase que ficou famosa e que já foi repetida várias vezes por jogadores na chegada ao clube.

Aqui está mais um louco para se juntar a esse bando de loucos”.

Frase famosa dita por Ronaldo

Fonte – Marcelo Braga (ge/São Paulo)

Fotos – Daniel Augusto (Ag. Corinthians) e Marcos Ribolli

Paranavaí 12/02/2021