Caso Daniel Alves: Tribunal recusa pedido de liberdade provisória e decide manter jogador preso

O Tribunal de Barcelona recusou o pedido de liberdade provisória da defesa de Daniel Alves, que é acusado de estupro por uma jovem de 23 anos, em dezembro do ano passado. A terceira sessão da audiência do tribunal, liderada pelo juiz Eduardo Navarro, decidiu que o jogador deve seguir preso preventivamente enquanto o caso é investigado.

No despacho, os juízes Eduardo Navarro Blasco, Myriam Linage Gómez e Carmen Guil Román justificam que o conhecimento de novas provas e o avanço da investigação “aumentam exponencialmente” o risco de fuga inicial. E também frisa que o brasileiro não tem ligações expressivas com a cidade de Barcelona, uma vez que estava na Espanha de férias. Ele seguirá aguardando o julgamento, enquanto a investigação já é considerada como avançada.

O documento afirma que há “diversos indícios da criminalidade de Daniel Alves” e que eles “não partem só das declarações da denunciante”. Também pesariam contra o brasileiro depoimentos de funcionários da boate, amigas da vítima e vídeos analisados. Além dos exames de corpo de delito e de DNA colhidos durante a fase de investigação.

A defesa do jogador brasileiro lamentou a decisão. Reforçou a crença na inocência do cliente e indicou pesos diferentes às provas produzidas no processo. Disse que o juízo considerou os indícios produzidos anteriormente no processo e desconsiderou os novos, produzidos pela defesa.

Cristobal Martell, advogado de Daniel Alves, vai preparar outro recurso ainda na tentativa de colocar o jogador em liberdade durante o processo. Confira a nota da defesa:

“Daniel Alves da Silva segue sendo tão inocente como era antes do veredito do processo. Sua vontade de abandonar a Espanha e evitar o proceso era e é inexistente.

A sentença é assimétrica. Utiliza como indícios as afirmações de culpa que oferece o atestado policial e, por outro lado, os elementos de inocência que oferecem a defesa o leva para o julgamento oral.”

O lateral completou na segunda-feira exatamente um mês preso na Espanha, acusado de estuprar uma jovem em uma boate de Barcelona. O jogador foi detido sem direito a fiança em 20 de janeiro e, desde então, vem lutando para responder ao processo em liberdade. Ele seguirá no Complexo de Brians II, numa cidade vizinha à Barcelona.

A defesa havia proposto que o atleta tenha seu passaporte retirado ou até mesmo que o jogador utilizasse uma pulseira de geolocalização para responder em liberdade. A acusação, por sua vez, afirma que a condição econômica do atleta poderia facilitar uma fuga da Espanha, inclusive para o Brasil, que não tem acordo de extradição com o país europeu.

Na audiência do último dia 9, realizada a portas fechadas no Tribunal de Barcelona para analisar o pedido de liberdade, o advogado do jogador admitiu pela primeira vez que houve “penetração vaginal”, mas que o sexo foi “consensual”. Ele ainda destacou que a vítima não apresentava lesões vaginais compatíveis com estupro, mais uma vez questionando a versão da denunciante.

Por sua vez, o Ministério Público lembrou que os exames biológicos confirmam que os restos de sêmen encontrados na região genital da jovem correspondem ao DNA de Daniel Alves.

Ester García, advogada da vítima, afirmou a jornalistas na saída da audiência que “a liberdade provisória a Daniel Alves seria um ataque à integridade psicológica” da denunciante.

Segundo a Revista “A Semana”, Daniel Alves teria, em ligações à esposa Joana Sanz, dado sua quarta versão para o caso, alegando que estava bêbado e que não lembra de nada da noite do dia 30 de dezembro.

Antes o jogador brasileiro havia negado qualquer tipo de abuso, afirmou que estava apenas dançando na boate e que nem sequer conhecia a mulher. Depois, no primeiro depoimento à Justiça, Daniel Alves disse que estava no banheiro quando a mulher entrou, mas que não teve contato algum com ela. Por fim, admitiu a relação sexual, mas de forma consensual.

O “Programa Ana Rosa”, da emissora espanhola “Telecinco”, entrou em contato com um companheiro de prisão de Dani Alves no presídio Brians 2, que explicou a vida do jogador atrás das grades.

Alves procura passar despercebido e é muito simpático com as pessoas. Há funcionários que levam água para ele e há outros que ficam contentes por o ter ali – disse o presidiário, que não foi identificao.

– Ele não fala muito, mas o que ele diz é que não abusou de ninguém, nem bateu em ninguém – completou.

Os principais jornais da Espanha – como “El País” e “El Mundo”, de Madri, e “El Periódico” de Barcelona – publicaram trechos do depoimento prestado à Justiça pela mulher que acusa Daniel Alves de agressão sexual. O jogador está em prisão preventiva sem direito a fiança. Ele nega ter cometido o crime do qual é acusado.

De acordo com os relatos publicados pela imprensa espanhola, a vítima contou no depoimento que no dia 30 de dezembro de 2022 estava na boate Sutton, em Barcelona, quando o grupo do qual fazia parte recebeu um convite para entrar numa área VIP. Um garçom as levou até uma mesa onde estava Daniel Alves, a quem a vítima inicialmente não reconheceu. Um grupo de mexicanos, amigos do jogador, o apresentou à denunciante.

Segundo os jornais, a vítima relatou à Justiça que ela e Daniel Alves dançaram juntos até que o jogador “levou várias vezes a mão dela até seu pênis, que ela retirou assustada”. Por volta das 4h30 da madrugada, ele pediu a ela para segui-lo até uma porta. Assim que entraram, ela se deu conta que estava num banheiro. Ali teria ocorrido a agressão.

Sempre de acordo com o depoimento da denunciante, ela teria tentado sair do banheiro, mas foi impedida. Daniel Alves a teria penetrado de maneira violenta até ejacular. Ele teria sido o primeiro a deixar o banheiro. Quando ela saiu, contou o que aconteceu a uma amiga. Quando a segurança do local foi informada, o lateral já tinha deixado a boate. A vítima foi imediatamente fazer exames num hospital. Dois dias depois, ela fez a denúncia à polícia.

Por Redação do ge — Barcelona, Espanha

 Foto: Ulises Ruiz/AFP

Paranavaí 21 de fevereiro de 2023