Sacerdote, prefeito e dono de time: conheça o padre que une religião, política e futebol no interior de SP

É provável que você já tenha ouvido alguma vez o ditado popular que diz “política, religião e futebol não se discutem”. Em Catanduva, a cerca de 400 quilômetros da capital São Paulo, um padre não só discute os polêmicos assuntos, mas também é prefeito e dono de um dos times da cidade.

O ge esteve no munícipio do interior paulista para acompanhar a rotina do padre-prefeito-cartola que tenta tirar o Catanduva Futebol Clube, clube que ele mesmo criou e hoje é dono de 90% da SAF, da quarta e última divisão do estadual.

Função padre

O relógio marcava menos de oito minutos para as 6h. Caminhando enquanto falava ao celular, padre Osvaldo discutia a agenda do dia enquanto se preparava para rezar a missa na capela Padre Albino, anexa ao hospital que leva o mesmo nome. Cerca de 20 fiéis o esperavam para a celebração antes do amanhecer.

Padre há quase 25 anos, Osvaldo de Oliveira Rosa passou por missão na África antes de fixar residência em Catanduva, onde vive há mais de duas décadas. A missa rezada todos os dias às 6h – e transmitida em sua rede social – é uma forma de manter as raízes como sacerdote antes das atribuições como prefeito e dono de um time de futebol ao longo do dia.

A roupa social que vestia na chegada à igreja foi trocada pela batina branca. Durante a missa de pouco mais de 40 minutos, padre Osvaldo falou sobre a insatisfação constante do ser humano e o quanto reclamar se torna um veneno para a vida.

Os olhares atentos das pessoas presentes são uma amostra do quanto o padre é quase unanimidade como religioso na cidade. A reportagem do ge conversou com diversas pessoas sobre a multifuncionalidade dele. A maioria delas prefere separar a imagem do religioso da de político.

Até o fato de ser dono de um time de futebol não faz diferença para quem o acompanha – muitos sequer sabiam que ele é cartola.

— O nosso foco é a missão, servir as pessoas que fazem parte da política, que estão nas igrejas e vivem a fé e a religião, e também servir através do esporte. Quando a meta é única, o maior patrimônio da humanidade é a pessoa humana e essa pessoa está na política, na religião e também no esporte — afirmou o padre.

Da igreja para a prefeitura

Padre Osvaldo termina a missa, retira rapidamente a veste sagrada e entra no carro em direção à prefeitura. Antes disso, faz uma parada para rezar e liberar os funcionários de um mutirão de limpeza na cidade. Mais de 79 toneladas de lixo haviam sido retiradas das ruas nos últimos dias.

Ele não consegue caminhar mais do que 100 metros pelas ruas da cidade até ser abordado por alguém que pede oração, ajuda, alguma melhoria onde mora ou simplesmente para comentar o desempenho do time.

Na chegada ao gabinete, uma mostra do quanto a religião, o futebol e a política fazem parte da rotina. Palmeirense fanático, uma camisa autografada chama atenção ao lado de um quadro com o escudo do Catanduva. Do outro lado da sala, uma imagem de Nossa Senhora Aparecida em meio aos vários quadros de menções políticas.

Fonte – ge

Paranavaí 23 de agosto de 2023