“Flamengo e Atlético-MG” fazem clássico dos milhões… de reais; Entenda diferenças e semelhanças

Principais potências do futebol brasileiro nesta temporada, Atlético-MG e Flamengo se enfrentarão no próximo domingo, 31/10, e testarão, em campo, a capacidade de converter dinheiro em resultado esportivo.

Esses clubes têm elencos estrelados e chances de títulos relevantes, mas as semelhanças param por aí. Em termos de trajetória administrativa e financeira, em um retrospecto recente, mineiros e cariocas optaram por modelos diferentes para chegar ao mesmo objetivo.

O Flamengo detém o maior faturamento do futebol nacional, fato que lhe possibilita, há vários anos, comprar e remunerar vários dos melhores jogadores disponíveis no mercado. A arrecadação beira R$ 1 bilhão.

Já o Atlético-MG tem passado por um fortalecimento repentino, causado por dinheiro que não tem origem exatamente em suas receitas, mas na participação de empresários atleticanos, os famosos mecenas.

Investimentos em jogadores

A comparação dos valores investidos por atleticanos e rubro-negros em direitos de atletas, ou seja, em contratações, ajuda a entender os diferentes retrospectos das associações fora de campo.

O Atlético-MG vinha de administração pretensamente austera anos atrás. Em 2017, o investimento em atletas prontos foi mínimo. Mas a história mudaria nos anos a seguir. Particularmente, em 2020, quando os mecenas começaram a colocar dinheiro para dentro da estrutura.

Por outro lado, o Flamengo passou por uma reformulação administrativa e financeira que começou em 2013 e teve seu auge em 2019. Esse processo também está evidente nos números abaixo.

ge reproduz números coletados por Cesar Grafietti, economista que lidera o estudo sobre as finanças do futebol no Itaú BBA. Eles apontam o dinheiro efetivamente investido por cada clube em direitos de atletas por temporada, ou seja, saídas registradas no fluxo de caixa.

Atlético-MG

  • 2017 – 8 milhões
  • 2018 – R$ 47 milhões
  • 2019 – R$ 31 milhões
  • 2020 – R$ 251 milhões

Flamengo

  • 2017 – R$ 87 milhões
  • 2018 – R$ 135 milhões
  • 2019 – R$ 223 milhões
  • 2020 – R$ 167 milhões

Fonte: Itaú BBA

Os dois estão em fases diferentes de desenvolvimento. O Flamengo tem um projeto que já deu certo. Pode desandar, mas já deu certo. O Atlético-MG está em um projeto que conta com mecenas, que carrega dívida muito grande, mas que tem ativos não ligados a futebol para ajudar a pagar essa conta. Só vai dar para comparar os dois quando os projetos forem finalizados”.

Analisou César Grafietti

Porte financeiro

É verdade que Atlético-MG e Flamengo investem quantias igualmente altas em reforços – pelo menos na última temporada e na que está em andamento. E também é verdade que, apesar disso, a capacidade de arrecadar é bastante diferente nesses dois clubes.

No primeiro semestre de 2021, segundo balancete, os mineiros registraram R$ 72 milhões em receitas. Esse valor inclui tudo: direitos de transmissão, patrocínios, associações e transferências de atletas.

Nesse mesmo período, em seis meses, também com base em balancete, os cariocas tiveram R$ 365 milhões em arrecadação. Em comparação com o faturamento atleticano, a diferença é de cinco vezes… e contando.

À medida que entra mais dinheiro no caixa, melhora a capacidade de arcar com salários de jogadores, entre outras despesas do departamento de futebol e do restante do clube. O Flamengo já chegou nesse ponto. O Atlético-MG ainda conta com o patrimônio dos mecenas para ter dinheiro. Logo, precisará elevar sua arrecadação para se tornar sustentável.

Vejo os dois clubes, de alguma forma, tentando encontrar alternativas de receitas que saiam do óbvio. Eles foram para o fan token, o Flamengo fala em abrir capital da parte que tem no banco digital, quer investir no Tondelo. O Atlético-MG lançou camisa com chip, tem seu NFT. Eles têm uma visão de que o futebol precisa ampliar o leque de receitas. Nisso, são semelhantes”.

Comparou César

Por Rodrigo Capelo— Barcelona, Espanha

 Foto: Pedro Souza / Atlético-MG

Paranavaí 29/10/2021